2004-12-17

Jihadismo e campanha eleitoral

Parece que há em Portugal gente ansiosa por chegar ao poder político em 2005. Muito bem. Ontem, a Al Qaeda divulgou mais uma das suas cassetes, desta vez contendo apenas o som de uma voz que parece ser de Bin Laden. O apelo ao derrube da Casa de Saud é repetido incessantemente pelos jihadistas, mas desta vez há uma novidade. Nesta gravação, Bin Laden incita os terroristas islâmicos a atacarem as instalações petrolíferas sauditas e iraquianas, enunciado claramente o objectivo estratégico instrumental: a desestabilização do mercado petrolífero e o aumento do preço “spot” do barril de petróleo. Que tal a perspectiva de governar um país como Portugal, com uma quase-total dependência energética, num cenário de preço de petróleo a cerca de 100 dólares o barril?

E se os cenários geopolíticos que estão esquematizados aqui se concretizarem, mesmo que de forma parcial e mitigada? Conforme já se sublinhou em post anterior (“A palavra crucial”), no momento em que o risco político agregado está provavelmente ao nível mais elevado desde a desagregação da União Soviética, o país dirige-se para uma campanha eleitoral que se antevê um verdadeiro campeonato da irresponsabilidade política. A distância entre um ciclo de expansão económica e uma recessão económica de consequências imprevisíveis pode resumir-se a alguns dólares a mais por barril de petróleo.

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