2004-12-19

Escolhas de 2004 (2): Colossus

Niall Ferguson caracteriza os EUA como um império liberal, rico, militarmente inigualável, culturalmente dominante, mas aparentemente mal sucedido na "exportação” do seu modelo político-institucional. Para Ferguson, a explicação do aparente paradoxo exige uma redefinição conceptual, que permita distinguir entre “força” e “poder”. Uma parte substancial do livro expõe detalhadamente as razões que, segundo Niall Ferguson, permitem concluir que os EUA são uma nação “forte”, mas cuja “força” (económica, cultural e militar) não se traduz num “poder” político internacional equivalente. Ferguson argumenta que a incapacidade americana de transformar a sua força em poder à escala global se deve principalmente a um “défice de concentração”, que parece ser inerente ao sistema político americano, e que impede a aceitação interna do carácter permanente das responsabilidades externas, colocando em risco os esforços de reconstrução do Iraque e do Afeganistão, pela pressão para uma “retirada rápida”. Pelo caminho, Ferguson dedica também alguma atenção (sobretudo no capítulo 7) ao futuro da União Europeia e das relações transatlânticas. Mais uma das leituras “viciantes” do ano.


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