Em Junho, Portugal entra em “Euroforia-2004”. Pessoas e carros besouram, excitados, num frenesi de bandeirinhas. Às janelas, mais bandeirinhas. Por todo o lado, os sinais de um patriotismo súbito e descartável. Má altura para duvidar da razoabilidade do “investimento” público, com o país inteiro convertido à fé absurda no keynesianismo (“os estádios pagam-se a si próprios (?)”, vai ser bom “para Portugal”, a divulgação, a imagem, o turismo, etc., etc). Os grandes benefícios do Euro 2004
já se estão a sentir, mas qualquer político sabe que uma hipotética renúncia à organização do Euro 2004, quando tal ainda era possível, era a melhor forma de garantir a impopularidade eterna. Fez-se a “festa” porque os portugueses queriam a “festa”; da mesma forma que se dão as “pontes” porque os portugueses consideram intolerável que algum político interfira com o “direito ao descanso”.
Cinco meses depois da “festa”, um Primeiro-ministro e um Presidente da República incompetentes e irresponsáveis, uma Assembleia dissolvida a título de “pedido de desculpa” presidencial aos “compagnons de route” e os portugueses começam a compreender o sentido de uma frase de um filme de Jim Jarmusch (Down by Law):
“It is not the fall that kills you
It’s the sudden stop.”
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