2004-12-15

A "Eurábia" e o niilismo pós-moderno americano

Imagine o seguinte programa de um curso hipotético sobre história e política contemporânea europeia, dado, por exemplo, numa universidade americana "progressista". Ano lectivo 2030-2031.

Programa:
1. Perseguição e reforma: a sociedade europeia pré-islâmica
1.1. Mito e preconceito: do ritualismo mágico às crenças cristãs
1.2. O domínio do heterosexualismo
1.3. Feminismo e masculinismo: a aceitação da emotividade universal
1.4. Da transexualidade à transespecialidade: as primeiras operações de mudança de espécie

2. A Islamização, o pós-sionismo e o Califado europeu: desafios contemporâneos
2.1. A miragem da paz perpétua: Kant e a ingenuidade do internacionalismo liberal
2.2. Sayyid Kutb: o martírio e a reinvenção da tradição islâmica
2.3. A solução final do problema semita
2.4. O multiculturalismo e o cosmopolitismo da casbah
2.5. O problema das minorias étnicas na Europa: católicos, protestantes e ortodoxos

Trabalho de investigação:
Os alunos poderão sugerir ao docente que este realize um trabalho de investigação ao longo do semestre. O docente deverá submeter uma proposta de trabalho à apreciação dos alunos até à terceira semana de sessões participativas. A decisão sobre a proposta apresentada pelo docente é tomada por votação maioritária dos alunos (eventualmente) presentes. Caso o tema escolhido pelo docente seja rejeitado pela maioria dos alunos, este tem uma semana para apresentar um novo tema. Em caso de segunda rejeição os alunos deverão informar os serviços académicos, para efeitos de cessação do vínculo contratual do docente. A lista (não exaustiva) de temas propostos é a seguinte:

1. Formas histórico-tradicionais de repressão social: a imposição da cueca.
2. A pedofilia dos Antigos e dos Modernos: de Adriano a Cohn-Bendit.
3. Democracia e inclusão: os direitos políticos das transovelhas.
4. Arquitectura e moralidade: a cúpula de vidro da Mesquita do Louvre.
5. Os inimigos da sociedade fechada: Huntington e a recusa da tawhid.

Avaliação:
O docente deslocar-se-á ao local designado pelos alunos, em dia e hora da conveniência destes, onde apresentará uma dramatização sentida das suas opiniões e emoções sobre as reacções percebidas nos alunos ao longo das sessões participativas realizadas durante o semestre.

Esta apresentação não deve durar menos de 3 horas. Os alunos enviarão aos serviços académicos, quando e se assim entenderem, a informação relativa ao desempenho do docente. Os aspectos de guturalidade e desarticulação serão especialmente tidos em conta. Créditos extra serão atribuíveis aos docentes que demonstrem um total desprezo pelas inibições e preconceitos da sociedade antiga realizando a sua performance em estado de nudez.

Para "regressar" a 2004 clicar aqui. Vai encontrar um artigo de David Pryce-Jones para a Commentary (Dezembro de 2004). Aqui ficam dois excertos:
"shari’a prohibitions on the uses of money, and the German state of Saxony-Anhalt has become the first European body to issue a sukuk, or Islamic bond. Religious society is not far behind: even as bin Laden speaks of wresting Spain (“al-Andalus”) from the infidels by violence, the cathedral of Santiago has considered removing a statue of St. James Matamoros (“the Moor slayer”), lest it give offense to Muslims. For the same reason, the municipality of Seville has removed King Ferdinand III, hitherto the city’s patron saint, from fiesta celebrations because he fought the Moors for 27 years. In Italy, where Islamists have threatened to destroy the cathedral of Bologna because of a fresco illustrating the Prophet Muhammad in the inferno (where Dante placed him), thought has been given to deleting the art-work from the walls. Even the Pope has apologized for the Crusades. In secular Denmark, the Qur’an (but not the Bible) is now required reading for high-school students."

"In the realm of classical Islam, Christians and Jews once lived as dhimmis—that is to say, minorities with second-class rights, tolerated but discriminated against by law and custom. Many contemporary Muslims appear to idealize this long-lost supremacy over others, and aspire to reconstruct it. One way to work for this end is through violence and terror. Another way, the way of Tariq Ramadan and Yusuf al-Qaradawi, is through words. One way and another, the project is advancing. Summing up the collective achievement so far, Bat Ye’or, the historian of “dhimmitude,” has written that “Europe has evolved from a Judeo-Christian civilization with important post-Enlightenment/secular elements to . . . a secular Muslim transitional society with its traditional Judeo-Christian mores rapidly disappearing.” She calls this evolving entity “Eurabia.”

Na página principal da Commentary, coluna da direita (Islam and the West) tem uma ampla escolha de artigos, entre os quais alguns "clássicos" de Bernard Lewis.

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