2003-05-01
A feira As velhas e tradicionais feiras, salvo raras excepções, ou deixaram de se realizar, ou abandonaram o seu aspecto sórdido e insalubre, tendo passado a realizar-se em recintos preparados para o efeito. Uma das excepções é a feira que se realiza anualmente, a 1 de Maio, na Alameda, em Lisboa. Essa feira é relativamente recente. Realiza-se apenas há umas poucas dezenas de anos. Nesse dia, para além dos comes e bebes, as barraquinhas vendendo todo o tipo de trastes envolvem a Alameda e prolongam-se Av. Almirante Reis abaixo, chegando, em direcção a Norte, a invadir troços consideráveis da Av. de Roma. A porcaria, os restos, o lixo, sobrepõem-se às marcas que os feirantes fazem no chão com semanas, por vezes meses de antecedência, para marcarem o seu lugar. É um triste espectáculo, esses rectângulos mal-desenhados, com os nomes dos seus "proprietários", que se vão lentamente esbatendo ao longo do ano, para serem reavivados no ano seguinte. Ainda assim, os feirantes não confiam no respeito mútuo pelos retalhos marcados com tanto afinco e antecedência: acampam, comem e fazem as suas necessidades no meio da rua, desde o dia anterior à feira. Não se podem correr riscos... E assim os Lisboetas vão convivendo com esta feira. Aparentemente, no meio da feira, das bifanas, das sardinhas, dos bailaricos, dos algodões e das contrafacções dos ciganos, fazem-se uns discursos que são todos os anos iguais, desde que a feira se realizou pela primeira vez, e que parecem ter como pretexto o dia do trabalhador. Porque será que escolhem a feira para tais manifestações? É um mistério.
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