2003-05-01

As férias Todos os anos a marcação dos calendários escolares no ensino superior é uma saga. Como fazer para encaixar, já não digo 15 semanas, mas 14 semanas de aulas por semestre no meio de um mar de férias, semi-férias, feriados e pseudo-feriados, tendo ainda a obrigação de deixar espaço para três épocas de avaliação em cada semestre, com no mínimo duas semanas cada? Que fazer quando, tendo-se sugerido que se eliminem as chamadas férias do Carnaval, nos respondem que terça-feira é feriado e segunda-feira o governo, com toda a certeza, dará tolerância de ponto? Que se faz num país onde há feriados a 25 de Abril, 1 de Maio, 10 de Junho, 5 de Outubro e 1 de Dezembro, para só falar dos feriados não-religiosos, e onde se criou na prática um feriado que nunca existiu, o Carnaval? Não se faz nada. Desiste-se. Porque os estudantes "têm direito às férias", porque os estudantes "têm direito a exames", porque os estudantes "têm direito a um intervalo mínimo entre duas provas". O resultado de tudo isto é que os estudantes têm o "direito" de não estudar, e os docentes o "direito" de não ensinar nem investigar. O resultado é também uma cultura de lançamento do barro à parede, pois com tantas épocas nalguma há-de colar, nem que seja por exaustão dos docentes. Noutros países não é assim. Mas para quê argumentar? Não sabemos nós que em Inglaterra ou nos EUA os estudantes não têm direitos? Ou não fossem esses países "fascistas".

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