2003-03-30

Racial diversity reconsidered Algumas achas para a fogueira da discussão da chamada "affirmative-action". São interessantes as conclusões:
U.S. Commission on Civil Rights Chairman Mary Frances Berry recently averred, "It seems to me that if racial diversity is a worthy goal, rather than people squirming around to address race, they should acknowledge there is nothing wrong with giving a preference here." To the contrary, our findings suggest that not all forms of diversity are created equal. The increased presence of black and Hispanic students has not led to the expected improvements. Meanwhile, the increased presence of Asian Americans seems to have at least some positive impact.

Since higher percentages of black and Hispanic students are produced in part by affirmative action, while the same is not true for Asian-American students, it may be that affirmative action places students in academic environments for which they are unsuited, leading to tension and dissatisfaction all around. The results we have found should lead to further study of interracial relations on campus, the educational backgrounds of minority students, and the academic effects of affirmative action. Obscuring existing problems by trumpeting ever louder the benefits of diversity is no way to help students of any race.

Os sistemas de quotas parecem-me perversos, de facto. Em Portugal, as quotas existem nas universidades do continente para receber os candidatos das regiões autónomas. Resultado? Estudantes recusados na Universidade da Madeira por não terem nota de candidatura suficiente são aceites no continente com nota muito inferior à dos candidatos continentais... O mérito deve ser o único critério de acesso. Se por alguma razão o sistema falhou e não proporcionou a todos as mesmas oportunidades mínimas de sucesso, então o sistema tem de mudar. E claramente é isso que se passa em Portugal, onde o perfil social dos estudantes universitários nada tem a ver com o perfil social do resto da população. É fundamental mudar o estado das coisas, agindo a montante da entrada para a universidade, melhorando o ensino pré-escolar, primário e secundário.

Recordo-me de, há uns anos, dar explicações a duas crianças de um bairro de lata em Lisboa (no âmbito do Grupo de Acção Social do IST). Entretanto o bairro foi desmantelado e perdi o rasto deles, mas lembro-me de ter a sensação de que o meio em que estavam inseridos, a forma displicente com que os familiares lidavam com as questões escolares e o chamamento irresistível para a delinquência feito pelos mais velhos, os iriam condenar a uma vida menor, se não mesmo a uma vida de crime. Espero sinceramente que me tenha enganado e que os dois se tenham salvo e tenham muito sucesso na vida.

Estou convencido que é aqui que a nossa sociedade mais falha. Por isso concordo, no essencial, com a ideia socialista do rendimento mínimo garantido. Julgo que pode ser um instrumento útil para dar um mínimo de dignidade e de capacidade de resistência a muitas famílias, e que pode ser a salvação de muitas crianças. Partilho em parte os receios dos que dizem que um rendimento a troco de nada pode ser um incentivo à indigência, mas creio que, sendo um rendimento mínimo, os riscos de isso acontecer são mais do que compensados pelos possíveis benefícios. Em todo o caso, julgo que o sistema pode ser melhorado, por forma a conter incentivos à actividade, e que os seus resultados devem ser avaliados de uma forma científica. Espero também que o Rendimento Mínimo Garantido, ou o que quer que o novo governo venha a chamar ao programa, com alterações ou não, tenha resultados positivos, ao contrário do que parece ter-se demonstrado acerca da "affirmative-action" norte-americana.

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