2003-03-29

Lembram-se da histeria do urânio empobrecido? Aí está. As Nações Unidas confirmam a contaminação, mas, segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, "os níveis de contaminação são muito baixos e não apresentam riscos tóxicos ou radioactivos imediatos para o ambiente e para a saúde humana".
Lembro-me bem de alguns artigos escritos por cientistas portugueses sobre o assunto. Recordo um artigo, no Público de 2001/1/10, de Rui Namorado Rosa, apresentado como professor universitário e antigo investigador da Junta de Energia Nuclear. É um exemplo perfeito de como se pode pôr os "pergaminhos" académicos ao serviço da ideologia e da manipulação:
O cenário que observamos configura não só hipocrisia mas, sobretudo, uma violência extrema e desproporcionada ao fim em vista (mesmo aceitando a contragosto a "bondade" da sua causa) para com o povo jugoslavo, alvo de tão bárbara agressão, à semelhança do que já aconteceu há dez anos ao povo iraquiano. Os seus territórios estão contaminados por milhares de toneladas disperso no solo, água e ar, impossível de recuperar e mantendo a sua ameaça de toxicidade e de agressão radiológica por tempo indeterminado, na prática interminável. Sem falar do urânio que, já inalado ou ingerido, acumula doses de doença ou morte nos seus actuais portadores.
Caros amigos, antes que a História nos julgue a todos nós por igual, temos de exigir que o secretário-geral da NATO [...], o conselho de mininstros da NATO e o conselho supremo da NATO na Jugoslávia e no Iraque sejam acusados pela opinião pública e, sob pressão desta e e através dos órgãos de soberania responsáveis, para que sejam levados a julgamento no Tribunal Internacional de Crimes contra a Humanidade.

Ou uma série de três artigos de José António Salcedo, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto:
[...] Tecnicamente, o que ocorreu nessas regiões [Bósnia e Kosovo] foram bombardeamentos nucleares de emissão reduzida e lenta que vai perdurar durante milhares de milhões de anos.
[...]
Na minha opinião pessoal, utilizar munições com DU [urânio empobrecido] é um crime contra a humanidade, pois essas armas de destruição maciça condenam gerações futuras a uma vida miserável, quando não à morte certa [...]

Ou ainda António Eloy, no Público de 2001/1/8, de pois de citar o inevitável Noam Chomsky:
Imaginem o que acontecia se alguém explicasse que os bons kosovares estavam a viver em solo mais contaminado, em termos de curto prazo, que o da Bielorússia (Chernobyl) e já agora também aos outros, que afinal por sorte foram expulsos desse barril de pólvora?
[...]
Não nos mintam mais. Não nos mintam mais. Porque nós temos ouvidos e lemos.

Pois temos. E por isso mesmo, temos o dever de recordar estes actos deliberados de desinformação.

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