2003-02-23

Uma no cravo, outra na ferradura No Público de hoje (ontem), Augusto Santos Silva diz:

Dizermos, hoje, que estaremos contra qualquer intervenção em qualquer circunstância é dizer a Saddam que toleraríamos que expulsasse outra vez os inspectores e gaseasse outra vez o seu povo. Sem a pressão política internacional, que tem de conter, no limite, a ameaça do uso da força, ele não parará.

Estas duas ambiguidades podem e devem ser corrigidas. Na minha opinião, a grande maioria das pessoas que se manifestam hoje, de várias formas, contra a pulsão bélica de Bush e Blair estará disponível para apoiar uma posição política que procure evitar o desencadeamento de uma aventura imperial ilegítima e de consequências imprevisíveis, mantendo ao mesmo tempo fortíssima pressão internacional sobre a ditadura iraquiana. Mais: estará disponível para apoiar um verdadeiro combate às bases económicas, financeiras, políticas e militares do terrorismo mundial, esse que mostrou o seu rosto hediondo a 11 de Setembro de 2001.


É a quadratura do círculo. Por um lado, reconhece que sem "a ameaça do uso da força, ele [Saddam] não parará". Mas por outro, acusa os EUA e o Reino Unido de "pulsão bélica", de pretenderem desencadear "uma aventura imperial ilegítima e de consequências imprevisíveis", justamente porque ameaçam com o uso da força de uma forma credível. É verdadeiramente esquizofrénico.

Sem comentários: