Ainda há centenas de professores que não dão aulas, ou quase não dão aulas, reservando para os assistentes dependentes e os convidados acidentais essa que deveria ser uma sua nobre tarefa. Há numerosos professores que nada investigam, limitando-se a repetir aulas ou artigos velhos de idade e de ideias, sem efectiva avaliação ou, pior ainda, sem consequências das avaliações feitas. Há faculdades que multiplicam os números de cadeiras e disciplinas, na esperança de assim resolver problemas de corpo, ao mesmo tempo que se "fabricam" turmas sem alunos. Há faculdades com mais de 1.500 disciplinas, muitas das quais absolutamente inúteis, mas cuja função primordial é a de manter professores na inactividade. Há cursos de mestrado concebidos com o objectivo essencial de preencher, no papel, horários docentes inexistentes. Há centenas de professores em acumulação mais ou menos lícita, ao abrigo de expedientes legais estranhos. Há centenas de professores que faltam às aulas, sem sequer advertir os seus estudantes. Há centenas de professores que assinam os trabalhos dos seus dependentes e os publicam para sua glória. Há centenas de professores que não recebem regularmente os estudantes, não acompanham os trabalhos dos seus doutorandos, demoram por vezes meses a publicar as pautas de exames e chegam a fazer esperar mais de um ano um candidato a doutor. Há centenas de professores com "horário zero" (e milhares no sistema educativo em geral), há dezenas e dezenas de professores sem aulas e ao serviço do sindicato (são muitas centenas no sistema), há centenas de universitários (e milhares de professores ao todo...) requisitados nos gabinetes dos ministros, nos departamentos ministeriais, nas autarquias e noutras instituições de repouso académico!
2003-06-09
"A Hora dos Professores" Excelente o artigo de António Barreto no Público. Um extracto:
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