2003-04-09

Uma conversa
Manuel: Rui, estou feliz! Viste as cenas no Iraque?
Rui: Como te dizia acerca do Sr. que tendo os filhos mortos pelo Saddam abençoava os ingleses que o iam matar, não surpreende. Compreendo que tenhamos alguma razão para hoje ser um dia melhor que todos os outros, cada ícone de ditador, cada muro de vergonha que cai é sempre uma vitoria!
Manuel: Pois não, mas põe-me feliz na mesma. Agora EUA e UK têm a maior das responsabilidades. Levar o Iraque rapidamente por bom caminho. É um 25 de Abril Iraquiano, de alguma forma.
Rui: Exactamente!!!!! Eu vejo o dia de hoje como um tomar aguada entre o sangue e o suor de ontem e esperamos o muito suor que ainda está à espera.
Manuel: Espero que tragam polícia da ONU rapidamente. Da Jordânia, do Paquistão. Espero que a ONU tenha um papel não humilhante. Espero que haja eleições rapidamente. Espero que haja quadros à altura.
Rui: Exacto as vinganças e as pilhagens são uma coisa que agora tem de ser evitado. Ser feito por países "islâmicos" só tem vantagens. É uma oportunidade para a ONU - digamos - corrigir a mão e a coligação mostrar a pureza das suas intenções.
Manuel: Espero que os "falcões" e a "direita sinistra" americana tenham razão: que seja um dominó, que a democracia ganhe raizes, que se propague, que invada os países vizinhos.
Rui: É muitíssimo difícil haver quadros - pelo menos que queiram regressar - num país com 24 anos de ditadura feroz.
Manuel: Ouvi dois jovens iraquianos na Jordânia, entusiasmados com a hipótese de levar o Iraque pelo bom caminho. Vi os exilados iraquianos nos EUA manifestarem-se nas ruas.
Rui: Tenho medo que o Iraque, na pressa de o entregar a "líderes" locais, se transforme numa Arábia Saudita.
Manuel: É verdade. Há muitos riscos. Mas, por mal que corra, nunca será pior para os iraquianos que os últimos 30 anos.
Rui: Podemos estar a assistir a um momento capital para o Médio Oriente, para o melhor e para o pior. Pior é quase impossível. O meu medo é com o resto do Medio Oriente. Se os piores medos se concretizarem, isto é se aquilo se transformar numa Arábia Saudita, a democratização do Médio Oriente fica adiada para as calendas gregas.
Manuel: Nas últimas semanas fez-se história. Pode ser que me engane, mas julgo que o mundo melhorou.

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