2003-04-10

As Obscenidades de Miguel Portas No DN de hoje, Miguel Portas diz:
Com 11 mortes no activo, a comunicação social é duplamente vítima da guerra. Esperar-se-ia dos responsáveis jornalísticos clareza e firmeza. Mas ainda ontem José Manuel Fernandes conseguiu o milagre de elogiar a profissão sem condenar o que foi um mais que evidente sinal de aviso dos norte-americanos à comunicação social «unilateral». Há, aliás, nesta expressão uma indecorosa obscenidade: quem ataca unilateralmente um país, responsabiliza «unilateralidade» jornalística pelas mortes de jornalistas. Só faltou dizer que os verdadeiros culpados do fogo sobre o hotel Palestina eram os iraquianos.

Repare-se bem: "o que foi um mais que evidente sinal de aviso dos norte-americanos à comunicação social «unilateral»". Assim mesmo. Miguel Portas acredita que os tiros contra o Hotel Palestina resultam de uma política americana contra os média independentes. Parece impossível, mas é verdade. Não põe nenhuma outra hipótese: que pode ter sido um erro ou uma estupidez de um soldado, por exemplo. Que pode ter sido um acto irresponsável e estúpido, mas individual, de um militar. Sim, é verdade: em 250 000 militares há, com toda a certeza, gente incompetente, gente irresponsável, gente estúpida. Há, com certeza, gente que simplesmente se engana, que erra, como todos nós. Aos comandos de um tanque, os erros são trágicos, mas não deixam de ser erros. As atitudes individuais estúpidas e irresponsáveis também. Os erros são censuráveis? Sim, claro. As irresponsabilidades e a estupidez individual são censuráveis? Absolutamente! Mas daí a dar o passo seguinte e afirmar que ouve intenção de matar jornalistas e que essa intenção resulta de uma política dos EUA de perseguição aos média independentes é, simplesmente, obsceno.

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