2003-04-22

Mais de Oliver Stone sobre Fidel Castro. Uma pérola:
Depois de ter frisado que o líder cubano é, aos 75 anos, «o último grande revolucionário» do nosso tempo, «um mito» que «se transformou num sábio a cujas lições devíamos prestar atenção» e «uma das personagens fundamentais do século XX», Stone passou a responder às críticas de alguns jornalistas, que o confrontaram com o facto de Fidel Castro ser um ditador instalado no poder há mais de 40 anos e Cuba não saber o que são eleições livres.

«Não há eleições livres em parte nenhuma do mundo, nem nos EUA. Não há nunca eleições livres sem uma imprensa livre. Ou querem ignorar as ligações da grande imprensa com o grande capital, onde quer que seja no mundo?», ripostou o realizador, negando que Comandante seja «uma obra de propaganda» e que o retrato que faz de Fidel seja totalmente favorável. Segundo Stone, para os americanos, «Fidel é uma caricatura, um barbudo a fumar charutos». E acrescentou: «Eu quis retratar a figura humana. E não precisamos de concordar com as ideias dele para perceber que é um homem moral.»

Eurico de Barros termina a notícia lapidarmente:
A verdade é que em Comandante, Oliver Stone evita pôr perguntas muito incómodas a Fidel Castro, acabando por se render ao habilíssimo discurso do ditador. Stone frisa que Castro nunca lhe pediu para parar de filmar nem recusou responder a qualquer pergunta durante as muitas horas que dialogaram _ um «direito» que o autor de Salvador lhe deu. Fidel Castro nunca precisaria de o invocar, porque Comandante é um exercício de autocensura por parte de Oliver Stone.

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