Declaração prévia: não sou militante de nenhum partido, nem sequer “simpatizante” (como é que se pode simpatizar com uma coisa dessas?). Nunca votei no PSD, independentemente da moeda política em circulação e não tenciono começar nas próximas eleições.
Dito isto, vou directo ao que interessa: o que a SIC está a fazer a propósito da viagem do ministro Morais Sarmento é pura campanha eleitoral, tempo de antena em nome de terceiros. Não há nada nesta viagem a S. Tomé e Príncipe que a distinga da maioria das outras viagens de políticos a qualquer lado do mundo: uma “agenda” largamente composta de boas refeições, visitas guiadas aqui e ali e uma série de “beaux gestes” traduzidos em acordos e protocolos, assinados com a gravidade ponderada do governante e esquecidos logo a seguir, na maioria dos casos ainda bem. A coisa termina como começa, com cumprimentos, acenos para uma multidão emocionada que não está presente e tudo para dentro do avião. No final, uma conta gorda para somar à despesa pública.
A SIC acha que desta vez houve algo de diferente. Toca de emitir reportagens sobre “o paraíso onde o ministro se hospedou”, a acicatar a inveja da populaça — “eles ali, no bem bom e nós aqui”—, seguidas das continhas de somar as despesas, feitas no ecrã com todo o detalhe. Repetir até à náusea. Depois da náusea, continuar a repetir.
A SIC não dá informação, usa-a; não informa, manipula. Porquê o ministro Morais Sarmento e porquê agora? Não é difícil: basta reparar nos cabeças de lista do PS e do PSD no círculo eleitoral de Castelo Branco. Em tempos, o Sr. Rangel proclamou que “vender políticos era como vender sabonetes”. Os actuais directores da SIC andam a “vender sabonetes como quem vende políticos”.
Não se espante se nas próximas semanas ao assistir aos telejornais das televisões portuguesas der por si com um desagradável gosto a sabão na boca. It’s that... SICkening feeling.
2005-01-12
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