No que respeita aos problemas políticos do Médio Oriente, europeus e americanos demonstram uma fé inquebrantável, que excede largamente a crença religiosa da maioria da população islâmica.
Através "Dele", a salvação é possível. Conflitos centenários, talvez mesmo milenares, serão apaziguados em poucas horas. Assassinos e facínoras avulsos serão reconduzidos ao caminho a virtude cívica. Crianças que cresceram na rua, instrumentos de violência e vítimas de uma doutrina de ódio, serão diária e pontualmente transportadas para a escola por pais que nunca o foram. Um enorme arco íris de paz, alegria e prosperidade erguer-se-á, unindo a costa mediterrânica de Gaza às planícies outrora férteis da Mesopotâmia.
Tudo graças a "Ele" - ao "Voto", esse grande redentor pagão da humanidade. Os efeitos divisores das grandes religiões serão imediatamente superados pela virtude unificadora da "religião cívica".
Através do suave milagre da "legitimação pela urna", nascerá uma "nação palestiniana" onde hoje apenas existem grupos militarizados e unidos pelo inimigo comum (Israel), que entregues a si próprios provavelmente transformarão a Intifada num problema interno. Do mesmo modo, no Iraque Shiitas e Curdos submeter-se-ão à "vontade geral", sem por um momento sequer lhes passar pela cabeça que essa "vontade geral" poderá ser a reconstituição pelo voto do domínio Sunita. Ou o mesmo, mas agora com os Curdos e os Sunitas na posição de "minorias democráticas".
A fé no Voto tudo conquista e tudo une. Devotos ou não, todos serão de votos. Bem aventurados, os "descendentes" de Rousseau!
Chega dia 9 de Janeiro à Palestina e dia 31 de Janeiro ao Iraque.
Por FCG
2004-11-17
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