2004-11-18

MoMA 20 11

No próximo dia 20 de Novembro reabre o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (acrónimo: MoMA), situado na West 53rd Street, Manhattan, depois de um exílio temporário em Queens devido a profundas obras de remodelação. O projecto de remodelação é da responsabilidade do arquitecto japonês Yoshio Taniguchi. O espaço de exibição foi aumentado em cerca de 47% e o espaço interno total do edifício duplicou.

Desde 1929, ano em que abriu portas, o MoMA tem sido um centro de exibição, educação e investigação dedicado à arte contemporânea. É também um dos museus que mais contribuiu para a alteração do próprio conceito de museu: de "depósitos organizados" de faustosos tesouros a lugares de aprendizagem e de fruição.

Mas o MoMA não exibe apenas arte: mostra também responsabilidade e sentido cívico. Um bom exemplo é o modo como financiou as obras de remodelação. Estas custaram perto de 900 milhões de dólares, dos quais mais de 500 milhões foram suportados directamente pelo Board of Trustees do museu. O resto veio de patrocinadores institucionais, com destaque para o JPMorgan Chase, que pagou a reinstalação da colecção, possibilita a visita gratuita para os cidadãos no dia de reabertura e financia um programa regular de visitas escolares subsidiadas. Várias outras entidades, surgem como patrocinadores, fornecendo equipamentos - por exemplo a IBM (cedeu tecnologia), a Sony Corporation (cedeu equipamentos de audiovisual) e até o Consulado dinamarquês ofereceu equipamentos para espaços públicos.

Sendo um museu privado, o MoMA cobra um preço de admissão, cujo valor para adultos sem isenções ou descontos passará dos 12 para os 20 dólares. E aqui começa a "agitação": os defensores locais da "Cultura SCUT" protestam porque acham muito caro. Esqueceram-se de "protestar" por não terem suportado como contribuintes os 900 milhões de dólares que custou a remodelação e que foram pagos por indivíduos e instituições: para a esquerda, a gratuitidade da cultura (e da educação , e da saúde, etc...) é sempre um "direito adquirido" - adquirido primeiramente e, por regra, de forma involuntária pelos contribuintes.

Talvez seja por causa de ilusões como esta da cultura "grátis" que Bilbau tem um museu Guggenheim e Lisboa tem uma maquette de um projecto de renovação do parque Mayer da responsabilidade de Frank Gehry, mas que seguramente nunca passará disso mesmo: de um projecto irrealizável. O contribuinte português é um cavalo estafado, mas para a esquerda o financiamento público da cultura e da educação tem carácter dogmático.

Veremos se os genuinamente interessados em arte (por oposição aos interessados em borlas) "votam" no renovado museu, pagando voluntariamente o preço de admissão anunciado. Por mim, espero ter brevemente o privilégio de poder pagar os 20 dólares de entrada: como na canção dos REM, leaving New York, [is] never easy. Regressar, por vezes ainda é mais complicado.

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