2003-11-11

Cobardia e infâmia

Um folheto anónimo sobre as propinas foi hoje distribuído no ISCTE. Reproduzo aqui o texto integral:
O Presidente do ISCTE traiu-nos

Nas costas dos estudantes e à revelia de todos o Presidente do ISCTE decidiu fixar a propina em 660 euros. A atitude do Presidente do ISCTE, que culminou com esta traição vergonhosa, tem sido lamentável. Primeiro foi para a televisão defender que nós não deveríamos estar nos órgãos de gestão democrática e agora, qual Napoleão, tornou-se no único Presidente de uma instituição universitária em todo o Portugal a decidir sozinho o valor das propinas. Tentámos tê-lo do nosso lado mas foi uma ilusão. Eleito para nos representar o Presidente do ISCTE devia moral e legalmente informar o Ministério da Educação que os estudantes do ISCTE recusam a aplicação da lei. Ao invés disto resolveu antes dar uma mãozinha ao governo de Durão Barroso.

Governo corrupto, bandido, mas inteligente. Ao transferir para as faculdades o ónus de fixar a propina o que o governo quis foi colocar alunos contra professores e funcionários e vice-versa. No Presidente do ISCTE esta estratégia teve efeito, mas não deixa por isso de ser um embuste.

Senhores Professores e Funcionários!

As nossas propinas, mesmo que todos pagássemos a máxima, nunca conseguiriam colmatar o déficit crónico do ISCTE, que há mais de dez anos é sub-financiado. As propinas não vão pagar os salários em atraso, não vão trazer vínculos fixos de trabalho a professores e funcionários, não vão trazer nem mais livros para a biblioteca nem mais computadores para as salas. Por enquanto o ISCTE conseguiu preencher todas as vagas mas a curto prazo isto deixará de ser assim porque com a nova lei sai mais barato a uma família ter o seu filho a estudar numa privada na sua área de residência do que numa pública fora. A isto acrescente-se a diminuição demográfica e a curto prazo o ISCTE deixa de ter viabilidade.

Apelamos à Vossa Solidariedade porque o que esconde esta Lei é a privatização do Ensino, a educação das e para as elites, a investigação dependente das grandes multinacionais e os professores e funcionários num adereço descartável.

Propinem as grandes fortunas

As cartas cordiais a exigir 660 euros estão a chegar a nossas casas. É urgente chamar uma RGA e depois uma Assembleia Geral com alunos, professores e funcionários. Todos têm que estar presentes e fazer tudo, porque depois de uma manifestação de 15 mil alunos já ninguém dúvida que podemos derrotar esta lei.
Argumentos fracos, raciocínios enviezados, desconhecimento da lei e do funcionamento das instituições, posição ideológica claramente anti-liberal e anti-capitalista, bem como uma estranha noção de democracia, juntam-se a acusações graves e insultos soezes, tudo ao abrigo do anonimato.

Sem comentários: