2005-02-12

Propriedade pouco privada

António Champalimaud, segundo o Público, fez uma colecção de arte que os herdeiros pretendem leiloar em Londres. Para o fazerem, no entanto, precisam de autorização do Ministério da Cultura:
O parecer técnico positivo já foi dado pelo Instituto Português de Museus (IPM). "Foi pedida a exportação de 194 peças. O parecer é favorável. Não está em causa a importância das peças, mas não eram indispensáveis às colecções públicas", diz o director do IPM, Manuel Bairrão Oleiro. De qualquer forma, acrescenta, as peças não poderiam ser classificadas, porque entraram no país há menos de 50 anos. A sua saída só podia ser impedida de forma "transitória", uma medida que não foi equacionada.
Note-se bem que "as peças não eram indispensáveis às colecções públicas"... Se algum burocrata da cultura, ou do "património cultural" (a palavra "património" neste contexto tem uma conotação particularmente perversa), tivesse achado o contrário, nada feito. Conclui-se que Champalimaud não era tão rico como se diz. Pelo contrário, a parte da sua riqueza representada pela sua colecção afinal estava-lhe simplesmente confiada pelo nosso magnânime estado, que, talvez influenciado pelo facto de 25% das receitas irem reverter para fundação presidida por Leonor Beleza - coisa que deveria ter relevância nula para o caso -, a decidiu agora ceder aos herdeiros. Sortudos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Também fiquei de boca aberta quando li a notícia. E até foi necessária a assinatura da ministra.
E será que ainda vão pagar alguma coisa ao Estado?
Isabel