2005-02-16

"Não pare de ler esta carta"

Assim começa uma sequência de frases desconexas, com fraca sintaxe, pejada de ilogismos e reveladora de uma verdadeira paranóia. A coisa é assinada por Pedro Santana Lopes. Deixaram-ma dentro de um envelope, na caixa do correio. Em circunstâncias normais concluiria tratar-se de uma brincadeira ou de uma manobra para desacreditar o suposto signatário. Mas, sendo o nosso primeiro ministro quem é, tenho de concluir que é autêntica. Enfim, talvez a coisa tenha tido pelo menos um dos efeitos pretendidos: estou quase convencido a votar. Outro efeito talvez não tenha sido o desejado: é que não tenho já sombra de dúvida contra quem o farei.

Transcrevo para a posteridade (leia-se ao mesmo tempo que se ouve o "Guerreiro Menino"; a experiência é inesquecível):

Caro(a) Amigo(a),

Não pare de ler esta carta.

Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.

Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.

Você não costuma votar, e não é por acaso.

Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.

E quem são eles?

Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.

Incluindo a velha maneira de fazer política.

Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?

Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema.

Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?

Também o tratam mal a si. Já somos vários.

Ajude-me a fazer-lhes frente.

Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!


Por todos nós,

Pedro Santana Lopes

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