Benon Sevan, o responsável directo pelo programa, é acusado de "conduta não ética" mas não de corrupção; não se encontra qualquer referência explícita a subornos recebidos por Sevan ou por outros responsáveis do programa, ou a actos que possam constituir crime (a palavra "criminal" é mencionada apenas uma vez nas 246 páginas do relatório). Em declarações à imprensa, Paul Volcker disse:
"I think it is a fact that Mr. Sevan placed himself in a grave and continuing conflict of interest situation that violated explicit U.N. rules and violated the standards of integrity essential to a high-level international civil servant."Até os 160 000 dólares que Sevan alega terem-lhe sido “dados” por uma tia, ficam sem explicação alternativa, embora o relatório sugira que a “modesta pensão de reforma” da generosa tia, uma senhora de idade residente no Chipre, não daria para tanto. Infelizmente parece que a senhora sofreu um acidente fatal num elevador antes de ser interrogada...
Kofi Annan já se comprometeu a retirar a imunidade diplomática a qualquer funcionário da ONU que venha a ser acusado de crimes relacionados com este escândalo. O relatório final da comissão Volcker está previsto para Junho, mas a avaliar pelo teor dos relatórios intermédios, é mais provável que essas acusações resultem das investigações conduzidas pelos EUA. No momento em que forem formalizadas acusações criminais contra responsáveis do programa, não basta ao Secretário-geral da ONU cumprir a promessa que fez. A responsabilidade pelas eventuais fraudes e corrupção é decidida pelos tribunais competentes, mas a responsabilidade de Kofi Annan é de ordem diferente: é política e deve levar à sua demissão.
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