O muito português sentido prático da vida Hoje de manhã fui levar o meu filho à escola. Estacionei a uns 50 metros da entrada, onde havia uma quantidade considerável de lugares. Ao atravessar a avenida, parámos na placa central, na passagem de peões, esperando pelo sinal verde. Instantes depois recebemos uma forte buzinadela, que o meu filho, com a altura dos seus cinco anos, recebeu em cheio nos tímpanos: uma senhora vinha deixar a sua filha e pretendia estacionar no passeio, sobre a passagem para peões, no local onde estávamos. Tentei explicar-lhe que não era razoável nem educado estacionar sobre o passeio, sobre a passagem de peões, buzinando-lhes, ainda por cima com tantos lugares disponíveis. Que eram já 9:00h, que tinha pressa, que os carros atrás do dela já estavam a buzinar por ela estar à espera que nós nos afastássemos. Insisti, falando dos perigos, do sossego a que temos direito, da lei, do exemplo para as crianças. Foi irredutível. Eu é que não tinha sentido prático da vida.
Somos um povo com um enorme sentido prático da vida, a que o já famoso relatório McKinsey chama "informalidade". O caso Martins da Cruz e Lynce mostra até que ponto vai este nosso sentido prático da vida.
2003-10-03
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