A pobreza em Portugal estacionou. Embora os bairros de barracas tendam a desaparecer da paisagem nacional, poucas alterações houve no perfil da pobreza e o fenómeno está longe de ser erradicado: um em cada cinco portugueses (cerca de 21 por cento da população) é pobre e os idosos pensionistas continuam a ser o grosso do problema.Ao lado, numa coluna, esclarece-se que "a taxa de pobreza relativa - número de pessoas que vivem com rendimentos mensais abaixo dos 60 por cento relativamente à média nacional - era de 21 por cento". Mais à frente afirma-se que "cerca de 21 por cento dos portugueses têm um rendimento inferior ao limiar de pobreza (cerca de 350 euros), seis pontos mais do que a média europeia de pobreza (15 por cento), indicam os dados mais recentes do Eurostat (referentes a 2000) publicados este ano". Ou seja, é claro que todo o artigo se baseia numa medida mais que duvidosa de pobreza. É que esta taxa de pobreza, relativa como é, manter-se-ia inalterada se todos os rendimentos em Portugal fossem duplicados ou mesmo decuplicados. Aliás, manter-se-ia se todos os rendimentos em Portugal sofressem aumentos ou diminuições percentuais uniformes. Não é honesto escrever artigos como os do Público de hoje, pois a pobreza não se pode medir (só) assim.
2003-10-17
Lies, Damn Lies, and Statistics É o título de um livro de Michael Wheeler. Não o li, embora me tenha sido recomendado. O título, no entanto, é perfeito, e encaixa como um luva na notícia de primeira página do Público de hoje: "Um quinto da população portuguesa vive na pobreza". O artigo reza assim:
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