2003-10-25

Mais uma vez o muro Uma sessão de emergência da Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou há dias uma medida contra construção do muro de protecção de Israel. Foi um erro. É preciso separar a construção do muro em si, que é triste mas necessária, do seu traçado, que se prepara para ultrapassar as fronteiras de 1967. Aglomerar as duas questões numa só e votá-las em bloco é um terrível erro. A separação física das duas comunidades é hoje uma necessidade, sendo fundamental que se restrinja às fronteiras de 1967 ou que, a ter desvios de forma a incluir colonatos israelitas, esses desvios sejam compensados com território do lado Israelita. Têm razão todos os que dizem que o muro será uma fronteira de facto. Isso não seria necessariamente mau, se o traçado fosse aceitável. Todos os esforços deveriam ir nesse sentido, de garantir um traçado que possa corresponder à futura fronteira entre os dois estados. Todos os esforços contra o muro em si são demagógicos, pois não reconhecem a evidente necessidade de separação entre os dois povos. Essa separação não será eterna, evidentemente. O muro acabará por cair. Mas a sua queda não será como a queda do muro de Berlim, ao contrário do que Nuno Pacheco escreve em editorial do Público: "Os comunistas leste-alemães, no antigo protectorado soviético, também cuidaram de se resguardar com um muro". O muro de Berlim foi construído pelo Leste não para o resguardar, mas para evitar as fugas de cidadãos de Leste para Oeste. Pelo contrário, o novo muro está a ser construído por Israel para evitar a entrada de terroristas. Além disso, o muro de Berlim separou um único povo, o novo muro separará, grosso modo, dois povos que aprenderam a odiar-se.

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