2003-09-19

O oito de Eduardo Prado Coelho O Fio do Horizonte, de Eduardo Prado Coelho, é um exercício admirável de regularidade. Mas é também um exercício arriscado. Hoje, por exemplo, EPC escreve sobre as posições extremadas relativamente aos incêndios. Cita, como exemplo da "tese dos oitenta", um texto de Vasco Graça Moura onde este disse existir "uma espécie de terrorismo apostado em destruir, degradar, instabilizar estruturas agrárias ou florestais, residências, bens e haveres de gente que, muitas vezes, nada mais tem de seu, e também em atingir, tanto directa como indirectamente, a economia portuguesa". Até aqui tudo bem: a afirmação de Vasco Graça Moura tem realmente muito de teoria da conspiração. Mas depois EPC acusa o director da Tapada de Mafra, Ricardo Paiva, de estar "do lado do oito". É que Ricardo Pais distinguiu entre área ardida e área devastada, que segundo ele corresponde a apenas 70 hectares dos 819 hectares da tapada. Diz EPC que Ricardo Paiva sofre de inabalável optimismo, pois afirma que "o incêndio natural e ambiental chega a ser benéfico, porque ajuda à recuperação das plantas, e logo à alimentação dos animais". Ironiza mesmo sobre o assunto:
Donde, convém que todos os anos se promova um incêndio... natural.
Ora, acontece que, de facto, os fogos podem ser benéficos. Não sou especialista no assunto, é claro, mas as opiniões de Ricardo Paiva não me parecem nada extremadas. Pelo contrário, parecem-me muito sensatas. Quem estiver interessado neste assunto pode experimentar recorrer ao inestimável Google, onde encontrará muita informação sobre regeneração de florestas e fogos controlados. Também se pode ler um artigo interessante sobre os fogos de 1988 no parque de Yellowstone, nos EUA.

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