2003-09-01

Flores 2 A ilha das Flores é uma maravilha verde, húmida e brumosa, sem nada de tropical. Puro atlântico. Mas a maravilha está toda nos nossos olhos, na inacessibilidade dos morros, dos vales, das costas, locais que povoamos com a imaginação. As suas vetustas canadas, preservadas, como tudo na ilha, pelo desenvolvimento tardio da ilha, revelam-nos a custo recantos bucólicos, num misto de montanha, jardim abandonado e mar. Tudo é pequeno e frágil. Mas tudo parece imenso. Os poucos hectares da Fajã Grande, onde o regresso me traz sempre lágrimas aos olhos, parecem enormes. Que haverá ao fundo da cascata? Onde levará aquela velha canada abandonada?

Tudo isto desaparecerá em breve. O presidente da Câmara Municipal das Lages das Flores, num delírio do que ele julgará ser progresso, desenha uma malha densa de estradas pelos morros. Em breve a ilha tomará as suas verdadeiras proporções. Será finalmente o que sempre foi: um pequeno monte de basalto e bagacina, forrado de verde, entre as ondas.

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