2003-08-02

Público ou Privado e Colectivo ou Individual O MATA-MOUROS escreve sobre o automóvel e a cidade. Concordo essencialmente com o que diz. Acrescento, no entanto, duas observações. A primeira é a de que o simples aumento do preço do estacionamento e a sua cobrança efectiva poderiam ir servindo de dissuasores enquanto não se implementam portagens de acesso ao centro da cidade. A segunda é que convém distinguir claramente entre as opções de transporte público ou privado e colectivo ou individual.

Os transportes colectivos, públicos ou privados, sendo excelentes para determinados tipos de viagens e clientes, são muitas vezes demasiado rígidos. É quase impossível, por exemplo, imaginar uma rede de metro suficientemente densa para ninguém precisasse de andar mais do que cinco minutos a pé nem de mudar de linha mais do que uma vez. Dir-me-ão que exagero nos cinco minutos, que andar a pé faz bem. É verdade. Mas também é verdade que há muita gente que pura e simplesmente não pode andar tanto a pé, tais como idosos, deficientes, etc., e que há condições meteorológicas sob as quais andar cinco minutos a pé é um suplício. Quem andou hoje por Lisboa sabe a que me refiro. Por outro lado, há muita gente que precisa de se deslocar ao longo de percursos que não permitem uma utilização minimamente confortável dos transportes colectivos. Ou seja, o transporte individual contribui para a liberdade e a qualidade de vida do cidadão, embora, sendo privado, incentive os cidadãos a abusarem dele. De facto, se tenho carro, para que vou de metro?

A questão, julgo eu, está na associação errada que fazemos entre individual e privado: um transporte individual não é necessariamente privado. As Bugas em Aveiro e as Bicas em Cascais são os primeiros exemplos de transporte individual e público. É verdade que é necessário dar aos pedais. Mas creio que o futuro virá a demonstrar que a ideia dos automóveis públicos, pagos através de um cartão de utilizador ou outro método qualquer, tem pernas, ou rodas, para andar.

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