2004-03-17

Colectivismo?

João Miranda chama a atenção dos que têm criticado a Espanha dizendo que adoptam uma atitude "profundamente colectivista". Acho que se engana. A maioria dos críticos da vitória de Zapatero não põem em causa a sua eleição perfeitamente democrática e legítima. Limitam-se a observar como, aos olhos da Al Qaeda, os atentados terão o efeito pretendido: retirar as tropas espanholas do Iraque. Para a Al Qaeda, e para muitos potenciais terroristas, tornou-se evidente que os massacres funcionam, mesmo que ninguém individualmente possa ser acusado de negociar com terroristas. O problema é justamente que a relação causa-efeito (massacre - futura retirada do Iraque) surgiu por intermédio de uma decisão "colectiva" feita de um agregado de decisões individuais, que provavelmente tiveram mais em conta as supostas ocultações da verdade por parte do governo de Aznar do que o desejo de retirar do Iraque para sair da atenção dos terroristas. Não discuto, ao contrário do próprio João Miranda, quais são os interesses da Espanha. A Espanha não tem interesses, quem os tem são os espanhóis. Foi a soma destes interesses individuais e divergentes que resultou na vitória de Zapatero. Estou firme e democraticamente convencido que foi um mau resultado, com péssimas consequências no combate ao terrorismo, e que muitos espanhóis o virão a lamentar.

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